domingo, 20 de maio de 2012

O despertar



Acordo bem cedo, sinto os primeiros raios do amanhecer a despertarem juntamente comigo. Deambulo até à cozinha, apresso-me a preparar um café. Dirijo-me para o quarto e encosto-me ao parapeito da janela, lá fora o Mundo ganha vida enquanto tudo o que eu queria era adormecer esta dor. Rodo a chávena para arrefecê-la e ao mesmo ritmo vão desfilando imagens à minha frente que se misturam com o fumegar do café e se esvanecem no ar.
Os lençóis denunciam a presença de duas pessoas, mas naquela divisão já só se encontra uma. Tinhas chegado algumas horas antes sob o pretexto de tomarmos café, os dois sabíamos bem onde isso nos iria levar, e mesmo assim esquecemos os avisos das nossas consciências e deixámo-nos ir. Partiste antes que eu pudesse ter tido a felicidade de abrir os olhos e ver-te ao meu lado. O mesmo aroma suave que antes tinha partilhado contigo, agora sufoca-me, prende-me a respiração. Atiro a chávena para o chão na esperança vã de que também o pudesse fazer com o que sinto por ti. Segundos depois apercebo-me do que tinha acabado de fazer, riu-me de tal parvoíce, afinal, não passa de um café…

2 comentários:

  1. As recordações podem magoar...

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    1. S*, quando já não há palavras para serem ditas e já nem vale a pena tomar atitudes, realmente já só as recordações nos podem magoar...

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