Acordo bem cedo, sinto os primeiros raios do amanhecer a
despertarem juntamente comigo. Deambulo até à cozinha, apresso-me a preparar um
café. Dirijo-me para o quarto e encosto-me ao parapeito da janela, lá fora o
Mundo ganha vida enquanto tudo o que eu queria era adormecer esta dor. Rodo a
chávena para arrefecê-la e ao mesmo ritmo vão desfilando imagens à minha frente
que se misturam com o fumegar do café e se esvanecem no ar.
Os lençóis denunciam a presença de duas pessoas, mas naquela
divisão já só se encontra uma. Tinhas chegado algumas horas antes sob o
pretexto de tomarmos café, os dois sabíamos bem onde isso nos iria levar, e
mesmo assim esquecemos os avisos das nossas consciências e deixámo-nos ir.
Partiste antes que eu pudesse ter tido a felicidade de abrir os olhos e ver-te
ao meu lado. O mesmo aroma suave que antes tinha partilhado contigo, agora
sufoca-me, prende-me a respiração. Atiro a chávena para o chão na esperança vã
de que também o pudesse fazer com o que sinto por ti. Segundos depois
apercebo-me do que tinha acabado de fazer, riu-me de tal parvoíce, afinal, não
passa de um café…
As recordações podem magoar...
ResponderEliminarS*, quando já não há palavras para serem ditas e já nem vale a pena tomar atitudes, realmente já só as recordações nos podem magoar...
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